A aliança PMDB-PT não interessa à grande mídia
Por Alderizio Catarino dos SantosO sistema político brasileiro é um Presidencialismo de coalizão. É quase impossível ou muito difícil governar sem a maioria no Congresso.
Em l986, o Governo Sarney tinha maioria no Congresso. Elegeu vinte e dois governadores pelo PMDB e, mesmo assim, fez alianças para governar, fazer o plano Cruzado e ainda ganhou da mídia apoio para seu projeto de Governo. A mesma, que hoje o quer fora da presidência do Senado. Por quê? O que fizeram dos fiscais que, em seu nome, fechavam supermercados?
O Governo Collor caiu porque não tinha uma maioria estável na Câmara. Não foi somente a sua arrogância, as irregularidades ou a compra de uma Elba. Faltou a maioria congressual. Ele achava que podia governar somente com o apoio das elites, do pequeno PRN e com a TV Globo, que havia participado de forma decisiva na sua eleição. Esse foi o seu erro principal!
Faz parte da tradição política brasileira, e no mundo inteiro, governar com alianças para se conquistar a maioria no Congresso nacional ou nas assembléias legislativas, distribuindo cargos na gestão de Governo. Sempre foi assim, sem as críticas midiáticas. Só agora isto virou pecado!
Um exemplo clássico, na esquerda, foi a eleição de l982, no Rio de Janeiro, com a aliança entre o governador eleito, Leonel Brizola, e o chaguismo representado na Alerj pelo então líder do PMDB, Claudio Moacir.
O PMDB é o grande partido político do Brasil, no sentido de tamanho e estruturação, estando distribuído em todo território nacional.
Trata-se de uma significativa quantidade de prefeitos, vereadores, deputados, senadores e governadores. Portando um partido muito cobiçado para alianças políticas.
A grande mídia, atualmente, passa a imagem do PMDB fisiológico, quando se trata de alianças com o PT e Lula. Mas em São Paulo o Orestes Quércia e o PMDB, aliados do governo Serra, não são mostrados com essa carga negativa.
Quando o Serra, em 2002, disputou a eleição com Lula, o seu vice era a Rita Camata do PMDB! Os principais veículos de comunicação como “O Globo”, “Folha”, Jornal do Brasil”, “Veja”, “Isto É”, “Estadão”, “Rede Globo” e “SBT”, que já teve o Silvio Santos lançado candidato, não mostravam nenhuma irregularidade daquele partido ou o lado fisiológico do Sarney, do Jader Barbalho ou de outros menos cotados. Eram todos grandes brasileiros despidos de vaidades e possuidores dos melhores interesses patrióticos!
O Jarbas Vasconcelos, depois de 43 anos no PMDB, descobriu que o partido é aparelhista, fisiológico e corrupto. Das duas uma: ou ele é demente ou é conivente com tudo que ele denunciou. Na verdade, a denuncia só tinha o dever de prestar serviço ao PSDB, pois ele disputou com a Rita Camata quem seria o vice do Serra e foi derrotado na convenção do partido. Na verdade, ele queria matar dois coelhos de uma só vez. Isto é, fazer uma denuncia genérica, não citando nomes nem números, mas dando a impressão de que falava do Governo. Além de estar eleitoralmente muito ruim em Pernambuco, seu objetivo é ser expulso do PMDB para não perder o mandato por infidelidade partidária. Ele planejava também fazer pose de guardião da moral e dos bons costumes. E o plano estava dando certo até estourar a crise do Senado e o escândalo das passagens aéreas não deixá-lo de fora. Que pena! Não deu nenhum discurso bombástico!!!
Outro senador que usa a legenda pemedebista e passa por honesto na mídia, acusa e pede que o Sarney deixe a presidência do Senado, é o Sr. Pedro Simon. Em Brasília diz que é contra a corrupção, mas no Rio Grande do Sul defende a Governadora Yeda Crusius, do PSDB, atolada até o pescoço com acusações de uso de caixa dois, corrupção no DETRAN gaúcho, compra de casa com dinheiro de campanha dentre outras denuncias. Tudo investigado e comprovado pelo Ministério Público Federal.
Mais um Senador “honesto” perante a mídia é o Sr. Arthur Virgilio, do PSDB, que recentemente subiu à tribuna do Senado para acusar o Sarney. Mas não conseguiu esconder e teve que admitir as suas próprias falcatruas, já noticiadas pela Revista “Isto É” e em reportagem do Jornal “O Globo”, do dia 30.06.09. O senhor Virgílio havia recebido 10 mil reais de Agaciel Maia para pagar as despesas de sua viagem com a família a Paris. Tem coisa que nem eles conseguem esconder!
Tem mais. Ele pagava normalmente os salários do seu subchefe de gabinete no Senado, Sr Carlos Nina, durante dois anos, enquanto o referido funcionário do senado fazia pós-graduação no exterior (período de 2005 a 2007). O Senador “cara de pau” teve a petulância de, sem citar nomes, dizer que há na Casa “um bando de senadores covardes e corruptos”. E prosseguiu a farsa, pedindo que o Conselho de Ética do Senado, que ele sabe que não está instalado, investigue dezenove denúncias contra o seu velho aliado Sarney. Ou seja, jogou pedra na Geni para esconder as suas irregularidades ou, pior ainda, como se os erros dos outros atenuassem os seus. Esse amazonense não honra os votos que recebeu de seus conterrâneos!
Depois de tudo isso Fernando Henrique Cardoso, Aésio Neves e outros tucanos foram ao Gabinete do Presidente do Senado fazer uma visita de cortesia e comemorar os 15 anos do Plano Real, com direito a solenidade no plenário do Senado e a presença do Governador Serra, sem nenhuma contradição com o Senador maranhense eleito pelo Estado do Amapá.
Não devemos esquecer que depois do apoio descarado a Fernando Collor, a mídia nacional, jogou suas fichas para eleger o Ministro sociólogo da Fazenda de Itamar Franco, com um plano de estabilização da moeda. O plano real, era comemorado, pela Rede Globo anualmente, com grande estardalhaço, até fazer quatro anos e ajudar a reeleger FHC para um segundo mandato. Depois pararam com as comemorações!
FHC governou o País por oito anos, aliado ao PMDB, com todos esses próceres. Eram honestos? Ou só viraram malandros quando foram apoiar o Governo LULA?
Como se vê a imprensa não é imparcial. Ela tem um lado! E precisa desestabilizar a aliança PT-PMDB, para aumentar a chance de vitória do PSDB em 2010 e depois justificar uma aliança governamental com um “novo” PMDB.
Mais uma vez, vou demonstrar o lado da parcialidade da imprensa brasileira. Quem se lembra do “poder paralelo”? Essa expressão está em desuso desde que a Benedita saiu do Governo. Naquela época, qualquer ação de marginais era colocado como “o poder paralelo do crime organizado” em todos os jornais e televisão!!! E hoje, a violência no Rio de Janeiro é muito maior!
Companheiros, precisamos fazer alianças que possam garantir políticas públicas para o País, sem que o fisiologismo esteja a frente das questões de Governo ou os interesses pessoais acima das necessidades do povo!
Muitas vezes temos que engolir alguns sapos para poder avançar nas conquistas populares sem ferir a democracia.
Não podemos aceitar essa ética de conveniência da mídia para tentar pautar o Governo Lula. Ele tem o reconhecimento popular, o maior partido de esquerda do Brasil - o PT - e uma candidata que é a competente Ministra Dilma Russef, que possui todas as credenciais políticas para manter e consolidar a aliança com o PMDB, continuar o nosso projeto petista de País democrático, socialista e popular, construindo o Brasil do século XXI, sem as desigualdades sociais que sempre castigaram o povo brasileiro, com a conivência das elites nacionais e o apoio velado das grandes redes midiáticas.
Como diz o grande maestro Tom...
“É pau, é pedra, é o fim do caminho”...
Postado por:
Alderizio Catarino dos Santos
5 comentários:
Óyima reflexão Alderizio, mas você deveria ter ampliado mais e ter falado do Senador do Piauí e pmdebista Mâo Santa, que vira e mexe vai a Plenário com objetivo de desestabilizar nossa aliança com o PMDB, dizendo que o PMDB não precisa ser vice do PT, pois o Partido têm diversos quadros políticos que podem contribuir para a disputa em 2010. O que é verdade, entretatno, os teriam eles viabilidade... segundo, o também Senador Garibaldi o PMDB não tem...
23 de julho de 2009 às 18:21Beijos.
Não sou blogueiro, blog ainda é um ambiente novo para mim. Mas vamos lá, tenho conversado com diversas lideranças comunitárias sobre a atual posição do PT/RJ. As pessoas estão atentas, basta uma reunião, ou mesmo um bate papo sobre política, que surgem diversos argumentos que tentam justificar e apoiar a união PT e PMDB. Temos diversos avanços a apontar, podemos enumerar os programas e projetos realizados em parceria pelos govs. municipal, estadual e federal. Mas há algo mais interessante que tudo: as favelas, aos poucos, estão recuperando os espaços de discussão política. A reflexão comunitária sobre as ações dos governos anteriores, em comparação com a conjuntura atual, reflete essa recuperação de que lhes falo. É evitente que temos muitas falhas e que temos muita coisa para fazer, ainda. Mas já dá para sentir a satisfação dos moradores das favelas que estão recebendo os projetos socioculturais e as obras do PAC. Concordo com a crítica de que muitos dos nossos anseios de esquerda estão reprezados, mas as consquistas no plano econômico social justificam a nossa aliança. Criar empregos é fundamental, e isto está sendo feito.
23 de julho de 2009 às 18:47(Álvaro Maciel - Secretário Estadual de Cultura do PT/RJ)
Essa estratégia já é velha conhecida, toda vez que o poder dos grandes concentradores de renda que há muitos mandavam nesse país vê suas chances de voltar ao poder mais distante, começam a fazer este tipo de coisa e o pior com o apoio de uma parte de intelectuais ditos de esquerda alimentando e disseminando essas baboceiras de véspera de eleição.
24 de julho de 2009 às 12:32Postar um comentário